segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Para largar a masturbação mental: manifesto sobre o "novo"



Há algum tempo estava em mais um dia daqueles sem fazer nada de útil, sentado em frente ao computador da Lan House gastando tempo (e dinheiro) para acessar e-mails, orkut, twitter e outras coisas pouco produtivas. Como a monotonia e o silêncio passaram a me incomodar, comecei a ouvir algumas músicas. Conhecia já várias do Gabriel O Pensador, mas me apareceu como novidade uma canção denominada "Masturbação mental".
O nome era deveras interessante. Parecia uma crítica acerba a ser lançada, ou melhor: cantada, e foi. Tal como fez Warat, utilizo-me de um nome já usado para classificar tal melodia, trata-se ela de uma diatribe contra um homem sentado, um manifesto contra a (burra) mesmice, contra a rotina que faz de nossos corpos verdadeiras estátuas olhando para os próprios pés, como aludiu um dia Boaventura de Sousa Santos.
Seu início é intrigante, há um breve diálogo em que o referido cantor é questionado: ô Gabriel, você tá mudando as suas músicas? Ao que ele responde: Não, eu tô musicando as minhas mudanças! Fiquei animado com o que viria, e meu entusiasmo não foi em vão: fui tomado pela (inteligente) letra de tal canção, de modo que ela passou a ser um hino para mim em vários aspectos. Sua aplicação à vida (e ao Direito, para aqueles que com ele labutam) parece óbvia, acaba por desconstruir velhos conceitos, antigas filosofias e arcaicas posturas dogmáticas e pugna por uma renovação, pelo abandono da repetição. Não obstante, trata-se de uma crítica à razão indolente em sua versão proléptica, expressa, sobretudo neste trecho:
Amanhã não sei.
Bola de cristal nunca funcionou comigo porque eu não consigo fazer tudo sempre igual, a não ser que eu tente.
Só que eu nunca tento, sempre invento um movimento cada vez mais diferente.
(...)
Eu já cansei de ouvir o que eu já cansei de ouvir! 4x

Em seguida, surpreende a sinceridade misturada ao vocabulário mais veemente e incomum utilizado, lembrando, ainda que levemente, o grande Bataille com seus palavrões de impacto. Vejam e deleitem-se:
Eu vou gozar, Maria. Eu vou gozar, José.
Eu vou gozar a vida do jeito que eu quiser.
E se eu fizer cagada eu sei lmpar, não vem cagando regra. Na regra que "cê" caga eu vou pisar.
Não vem ditando norma...Pensando bem, tô pensando de outra forma.
Você acha que é loucura, eu acho que é careta.
A vida é muito curta pra ficar nessa punheta.
Pois bem, espero que por mais mal educada que pareça a letra ela possa chamar a atenção de você leitor (e ouvinte) e faça da sua vida uma constante mudança, afeito ao (amoroso pela vida) discurso da impermanência: o discurso do devir.

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