Outrora escrevia sobre o que Gabriel O Pensador denominou de Masturbação Mental. Agora continuo a apreciar sua obra, mas a partir de outra música sua: É pra rir ou pra chorar?
Em tempos de eleição essa música cai como uma luva às mãos que se sacodem contra o cinismo e a picaretagem que se estabeleceu em nossa política - e não às mãos que se sacodem no carnaval e no resto do ano como se carnaval fosse. Algumas figurinhas carimbadas (mas que também nos carimbam, marcam-nos, como gado) voltam a aparecer na TV ou falar no rádio depois de 04 (quatro) anos de sumiço. Alguns políticos hipócritas poderiam falar: "eu estava trabalhando muito para o progresso de nosso país". Tudo piada (de mau gosto)!!!
E quando falo que é piada provo ao mesmo tempo a ingenuidade e a astúcia do povo brasileiro, pois ao passo em que me coloco na posição daquele que não sabe como reagir à uma piada, também deixo de rir porque algo de perspicaz me impede.
Tal se dá porque a desgraça alheia é sempre motivo de piada, se não fosse, as videocassetadas do Domingão do Faustão não fariam o sucesso que fizeram e fazem. Assim, fica evidente que de um lado o desgraçado chora ou se sente envergonhado pelo erro que comete e que se volta contra ele; e de outro lado está o espectador da cena, que apenas observa e ri.
Com a política alguma coisa de obscuro se opera: sou ator e espectador da mesma cena. Quando um candidato como o "Tiririca" faz graça da política - embora a esteja levando a sério a ponto de construir sua candidatura - asseverando que desconhece que função irá possuir após a sua eventual eleição, ele causa uma vontade de rir. Até aí não há nada de novo - e como precisamos do "novo" em política - , o problema é que simultaneamente o discurso "tiriricano" traz à tona uma tristeza, uma vontade de choro. Choro pela nossa ignorância, que permitiu fazer da política mais um palco de piada, mas de piada sem graça. Sem graça para os eleitores, afinal de contas a desgraça nossa é motivo de riso para os 'nobres' políticos que nos representam.
Destarte, a angústia que nos acomete é certamente decorrente da (pouca) consciência política que possuímos. Ao vermos piadas com os eleitores, ao votarmos em gente que o faz - e a piada não ocorre só com a sátira no horário reservado à propaganda eleitoral, mas a cada vez que o Estado se omite diante das necessidades do povo, a cada vez que a verba destinada à construção de escolas ou hospitais é desviada, etc - , estamos a fazer graça com cada um de nós: contruímos a piada e somos alvo dela. Daí a dúvida: é pra rir ou pra chorar?
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