quinta-feira, 21 de julho de 2011

A Chuva... ou pureza vital e incômodo aparente

Hoje acordei com aquele barulho que me fez dormir novamente.
Precisava trabalhar, e uma voz me dizia: "Sei que não quer levantar agora, mas vá em frente, tente!"
Ah a chuva! Como me causa sono. Oh, trabalho, tão bom e importante, mas tão cansativo. Fiquei então pensativo...
Depois de acordar, ideias malucas (beleza) me vieram à mente. E não naquela hora somente. A propósito, agora, de tão malucas que eram as ideias minhas - não sei se o pronome possessivo é apropriado, afinal foram espontâneas, independentes de manifestações volitivas de minha parte - esqueci-as várias. Sei apenas se tratar de certos delírios oníricos em plena chuva do dia.
Oh chuva, quão agradável és tu. (Uma rima neste momento poderia acabar com o modo cortês de escrever).
De ti perdi o medo, vendo gente chorando sozinha pelos (mesmos) cantos (de sempre), imóveis no lugar de onde deveriam há tempos ter saído.
Sempre um delírio musical anima o espírito e melhora o astral. Por tal razão é, que até uma velha canção, cheirando a churrasco, café e plantação vem à tona, sobretudo quando não se pode ver bem pelo parabrisa porque o mecanismo responsável pela limpeza não funciona como deveria, tornando a visibilidade distorcida.
Uma coisa hoje vi que via antes, mas não devaneava com mais afinco: a chuva é como o amor verdadeiro, atrapalham as atividades cotidianas e burocráticas, incomodam porquanto parecem limitar (ainda mais) a nossa liberdade, mas no fim das contas existem para purificar o ar, limpar e tornar o caminho de uma vida seca e árida mais vivenciável. A própria vida se torna mais viva - e que me perdoem os gramáticos mais rigorosos.
Em suma, é melhor ser pego pela chuva amorosa, sentir o desconforto do deslocamento do eixo pragmático da segurança e permanecer molhado de amor - a conotação sexual fica ao alvitre do leitor - , do que trilhar a mesma rota (suja) da secura sentimental, ou pior, quedar-se inerte num (diminuto e egoístico) universo sufocante pela liberdade do desamor e pelos grilhões das necessidades materiais.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Prosa poética na sala de espera

"A aflição de outrora torna-se angústia agora. Tranquilizo-me um instante, vejo-a, apesar de tudo, radiante. Queria fazer uma poesia; não consegui: que ironia. De qualquer modo precisava escrever: espero-te aqui fora, Sofia, nova razão do meu viver."




PS: Esta “prosa poética”, como decidi intitular, foi escrita quando minha querida Roseli estava na sala do pré-parto passando pelos procedimentos de preparo para dar a luz à Sofia, nossa linda filha. Nos dias anteriores lia eu a “Poética do Devaneio” de Bachelard e, no entanto não pude escrever uma poesia, por mais singela que fosse. Meu senso poético estava um tanto desequilibrado – se é que algum dia teve equilíbrio...