domingo, 9 de junho de 2013

Excerto de "O reconhecimento do Amor" - por Drummond

(…)
Como nos enganamos fugindo do amor!
Como o desconhecemos, talvez com receio de enfrentar
sua espada coruscante, seu formidável
poder de penetrar o sangue e nele imprimir
uma orquídea de fogo e lágrimas.
Entretanto, ele chegou de manso e me envolveu
em doçura e celestes amavios.
Não queimava, não siderava; sorria.
Mal entendi, tonto que fui, esse sorriso.
Feri-me pelas próprias mãos, não pelo amor
que trazias para mim e que teus dedos confirmavam
ao se juntarem aos meus, na infantil procura do Outro
o Outro que eu me supunha, o Outro que eu te imaginava,
quando – por esperteza do amor – senti que éramos
                                                                                 [um só.

(Carlos Drummond de Andrade)




terça-feira, 23 de abril de 2013

O desejo - ou Um (quase) amor louco

Eis mais um pequeno poeminha
escrito em minha recente passagem
por Curitiba.
Fruto, sempre, de uma arrebatadora 
e paradoxal
liberdade arbitrária e,
casualmente,
poética.


Profundo
Perfunctório.
É o (meu/nosso) mundo
um grande sanatório.

De transgressor:
um relampejo
um (quase) amor:
forte desejo


segunda-feira, 22 de abril de 2013

(H)á-casos


Poeminha escrito em Curitiba numa tarde qualquer.
Aparentemente sem sentido (e ainda preserva 
tal característica), ganhou um pouco aos poucos
e para outros.
Mesmo assim, pura arbitrariedade poética...


A obrigação aqui me trouxe,
fez-me lembrar, porém, quem eu era.
À toa, indiferente... antes fosse.
A vida sob meu comando? quem me dera

Um encontro insólito,
um lugar inóspito.

Simplesmente, ao acaso...
Há o acaso?