quarta-feira, 28 de novembro de 2012

(Ob)literar

Literar: neologismo que significa o ato ou efeito de praticar e (re)criar a literatura.
Ob: prefixo verbal em latim que transmite a ideia de oposição ou "encontro".
Obliterar: destruir, eliminar, suprimir.

Em um sonho (literário)...

Derrida dizia que é preciso des(cons)truir.
Pessoa, na biblioteca, exclamava: "literar é viver!!!".
Inquieto comecei a procurar, sem saber bem o que, 
foi então que encontrei um Machado,
um verdadeiro achado,
que arma literária era e
junto com Amado me fez pensar diferente,
Oh, que autor indecente!
Denunciava o moralismo barato, não escrevia
o mesmo de sempre.
Destruí então a literatura já morta
que mais do que nunca vivia
incrustada no imaginário...
Saí pela porta.
A porta que abri,
na parede que desconstruí,
voei como barata,
inseto que nem a bomba atômica mata.
Sábio Kafka!!!
Talvez dialogasse (ele) com Nietzsche.
Isso não descobri.
O que soube, por cima, foi que todos desejavam o "novo",
aquele desejo turvo, que de tão confuso e amorfo jamais
terminava de (de)formar(-se).
Agora sim havia vida,
não se sabe de que espécie.
A literatura então nascia (pela primeira vez),
e desta vez, pra nunca mais morrer.
A vida então passou a ser uma faceta do literário
e a literatura um campo vivificado.
Ora eu literava, ora eu vivia, ora os dois,
não sei bem como foi,
sei, porém, que era mais,
com Deleuze e com Blanchot era um devir (ou porvir como livro)
Aliás, foi o mesmo Blanchot que me ajudou a romper com aquilo
que chamavam de literatura, e até de poesia:
"não se faz poesia genuína dentro de regras, é preciso fazê-la e olhá-la de 'fora'."
Foi então que Drummond passou por mim, deu uma piscadela e disse:
"Eu não falei? Literatura só o é quando é 'nova'. E o será sempre que for uma literatura do 'fora'."
Acordei com um pensamento
alojado em meu cérebro, mas de fora de mim...
Ou (ob)litero minha literatura e a (re)crio,
ou continuarei a ser assim...

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