Afinal "a vida é poesia"
E por mais que seja às vezes fria
É preciso devanear.
ou mesmo por uma homenagem
A poesia cai com uma folhagem
seca sobre uma senda suja.
Suja porque pisada.
Um viver errante de (auto)massacre
Há, por isso, quem fale
que se trata de palavra mal acabada.
É-o não nego
Simplória e funcional, surge de uma necessidade:
a de correr para longe deste mundo de verdade.
Não o fazendo fico irrequieto - sem fazer poesia não sossego.
Mas uma homenagem foi pensada inicialmente
Nesse objetivo é importante dedicar-me:
render cumprimentos tardios e colocar-me
a falar de uma data dedicada ao corpo e à mente.
Ontem foi o Dia Nacional da Poesia
os poetas fizeram festa,
eu não fui nesta
Mas cheguei hoje, juntando os retalhos e tirando o pó da mobília.
Os aspirantes e não poetas chegam depois
quando tudo já está acabado,
Só conseguem pensar aquilo que é passado
Poetizar o que se foi.
Quem sabe me antecipe um dia
ao futuro.
E, saindo de meu (quase-poético) quarto escuro
possa também fazer poesia.
Ser um artista dos versos, um poeta
galgando a bela exteriorização de palavras,
essas verdadeiras armas
que tocam o coração e mantêm a mente aberta.
Devo ainda estar distante,
Penso não fazê-la bem,
Muito menos tocar corações.
Mas estou a buscá-la, cara aniversariante.
Tão profunda e bela assim não tem,
resta-me dizer-lhe: "Poesia, aqui presto minhas congratulações."