Seria preciso tentarmos pensar um pouquinho o que quer dizer revolução. Esse
termo já está tão estragado, tão desgastado, já se arrastou por tantos lugares,
que seria preciso voltar a um mínimo de definição,
ainda
que elementar. Não tenho uma definição que eu me lembre
de cor; não preparei conferência a
respeito, senão eu teria uma no papel. Uma revolução,
é algo da natureza de
um processo, de uma mudança que faz com que não se volte mais para o mesmo
ponto. O que aliás até contradiz o sentido do termo «revolução» empregado para
designar o movimento de um astro em
torno de outro. A revolução seria mais uma repetição que muda algo, uma
repetição que produz o irreversível. Um
processo que produz História, que nos tira da repetição das mesmas atitudes e
das mesmas significações. Então, por definição, uma revolução não pode ser
programada, pois aquilo que se programa é sempre do déja-la . As revoluções, assim como a História, sempre trazem
surpresas. Por natureza, elas são sempre imprevisíveis. Isso em nada impede que
se trabalhe pela revolução, desde que se entenda esse “trabalhar pela revolução”, como sendo trabalhar pelo imprevisível.
(GUATARRI, Félix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 185)
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