Ontem, caminhando pelas ruas de sua cidade, Breno sentia que estava trafegando por um lugar diferente, desconhecido para ele. Na verdade ele sempre morou no mesmo lugar, e o trecho por ele percorrido era habitual.
Talvez o clima, talvez o pequeno número de pessoas, talvez a mudança pessoal que lhe rendeu uma nova visão. Enfim, são inúmeros os "talvezes"...
Outro talvez poderia se referir à leitura que recentemente havia feito da entrevista de Alain Badiou sobre o valor revolucionário do Amor. Temática que tanto o agrada.
Talvez, também, fosse a entrevista de Emmanuel Levinás, transmitida um dia antes de seu caminhar errante em um dia comum, que o tivesse tornado outro.
Talvez, todos os "talvezes" não sejam, "talvezes" quaisquer. Mas talvez o maior de todos os "talvezes" que se entrelaçam e brincam de realidade com Breno seja aquele que cultivou em seu coração a semente da esperança de um mundo melhor, pois Breno ratificou para si que o mundo ao seu redor pode ser mudado quando ele próprio se permitir ser transformado.
Um revolucionário sente que o é, por mais que seu sentimentos candentes tenham por algum motivo sido arrefecidos. E Breno, embora fantasma perambulante que é, sabe bem disso, e mesmo que passe despercebido aos olhos das pessoas, não o será no tocante aos corações destas. Ainda que elas jamais saibam da existência ou do nome de Breno. O valor revolucionário de Breno está para além dele, foge à sua individualidade, e faz de um fantasminha, um espírito melhor, em busca da luz que ilumina seus passos, dando -lhe nova visão e mostrando que os lugares de outrora são os mesmos, mas outros também, e "talvez".
Basta caminhar, acreditar e querer ser revolucionado pelo Amor. É impossível que tal fenômeno não se propague à coletividade, ainda que leve tempo.
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